Luto é o processo de elaboração de uma perda. Pode ser o falecimento de um ente próximo, um divórcio, perda de um emprego, perda de qualidade de vida, etc.
Bowlby, 1980; Gorrer, 1965 & Parkes, 1986, cit in Pereira & Lopes, 2005 descreveram 4 fases do processo de luto:
– Fase de Entorpecimento: nesta fase a pessoa poderá sentir-se como se estivesse desligada da realidade, atordoada, desamparada, imobilizada ou perdida. Pode existir uma negação da perda como uma forma de defesa contra um evento de tão difícil aceitação;
– Fase de Anseio e Protesto: caracterizada por um período de emoções fortes, sofrimento psicológico e agitação física. Frequentemente a pessoa manifesta sentimentos de raiva dirigidos tanto a si própria como a pessoas significativas;
– Fase de Desespero: associada a momentos de apatia e depressão, de resolução muito lenta. Por vezes verifica-se um afastamento das pessoas e actividades, falta de interesse, assim como dificuldades de concentração na execução de tarefas rotineiras. Insónias, perda de peso e de apetite, são frequentes.
– Fase da Recuperação e Restituição: nesta fase elabora-se uma nova identidade que permite à pessoa adaptar-se ao significado que a perda tem na sua vida e encontrar novo bem-estar.
Quando o processo de luto se desenvolve de um modo disfuncional e mal adaptativo, deve recorrer-se a ajuda especializada. O luto patológico caracteriza-se por uma diversidade de manifestações clínicas, nomeadamente (Parkes, 1998):
– Reacções de luto crónicas quando há uma duração excessiva, não se conseguindo avistar um término;
– Reacções de luto inibidas, característico dos casos em que, apesar da pessoa ter reagido emocionalmente na época da perda, tal parece não ter sido suficiente. Verifica-se mais tarde que a pessoa apresenta sintomas de luto em relação a uma perda subsequente (por exemplo, as “reacções de aniversário”, etc.) mas a intensidade é excessiva;
– Reacções de luto exageradas, nas quais a pessoa enlutada sente a experiência de luto como excessiva e incapacitante, recorrendo a condutas pouco adaptativas (estas respostas incluem perturbações psiquiátricas que se desenvolvem depois da perda);
– Reacções de luto mascaradas, os pacientes apresentam sintomas e comportamentos que lhes causam dificuldades, mas que não são reconhecidos como estando relacionados com a sua perda. Esta forma de luto pode ser mascarada quer por sintomas físicos quer por sintomas psiquiátricos ou, ainda, por algum tipo de conduta disfuncional.
O que a psicoterapia pode trazer é um espaço para aprender a lidar com a dor e elaborar a perda. Tal é essencial para que o luto se resolva e possa até trazer crescimento psicológico e emocional à pessoa.